Limpeza eficiente e sem risco: especialistas dão dicas de como "faxinar"

Na sua casa, assim como na minha, a poeira e a sujeira do dia-a-dia não somem por mágica. Você pode ter uma empregada doméstica ou tratar da faxina sozinho(a), mas em qualquer uma das opções os produtos de limpeza estão presentes.

Em todo lar, a "cesta básica da limpeza" é composta por sabão em pó, cera, multiuso, álcool, desinfetante, detergente, amaciante de roupas e água sanitária. Produtos sem glamour e aparentemente inofensivos, mas que podem acabar com um bom móvel ou uma boa roupa e até mesmo provocar problemas de saúde.

Então, afinal, qual é a forma correta de fazer aquela faxina?

O professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), Dr. Sérgio Colacioppo, garante que "a casa mais limpa não é a que se faz mais limpeza, mas a que menos se suja". Como nem sempre é  possível manter a poeira da soleira pra fora, Colacioppo aponta que remover a sujeira grossa e solta antes de lavar é um bom começo.

"Uma varrida no chão antes de lavar poupa sabão e detergente que custam dinheiro e ainda ajudam a livrar os mananciais dos resíduos dessas substâncias", concorda o professor de química da Universidade de Campinas (Unicamp), Dr. Fábio Augusto.

Cozinha sem "sujeira grossa"

Essa ideia de recolher a sujeira grossa pode ser aplicada também em outras situações. O professor do Instituto de Química da USP, Dr. Omar El Seoud lembra que é mais fácil limpar a superfície engordurada do fogão se, antes do pano ou esponja com detergente ou multiuso, usarmos um papel toalha seco para retirar a gordura “grossa”.

Ainda na cozinha, garante o professor, colaboramos com o meio ambiente e com a eficiência da lava-louças se os resíduos sólidos e líquidos forem removidos previamente. "Assim, usamos um ciclo de lavagem mais curto e a água que vai para o esgoto contém menos resíduos de comida. Esse cuidado também garante um mínimo de odor à máquina", comenta El Seoud.

Como nem tudo se resolve com vassoura, pá e pano seco, o UOL Casa e Imóveis separou dicas de como usar os produtos de limpeza em diversas situações, além de orientar sobre alguns riscos que o mau uso dessas substâncias químicas pode oferecer.

Não há um produto mágico, uma solução universal que possa ser aplicada a todas as superfícies da casa. Porém, um produto simples que transita bem por grande parte dos cômodos é o sabão em pedra. Biodegradável, a barrinha pode ajudar na manutenção de superfícies como pedras, cerâmicas e MDF, em pequenas quantidades associadas à água e posteriormente removidas com panos úmido e seco, respectivamente.

Como nem toda da sujeira pode ser retirada com pá, vassoura e pano seco ou o bom e velho sabão, os produtos de limpeza ajudam na tarefa de deixar a casa "um brinco". Alguns são praticamente inofensivos, outros não podem ser misturados ou podem causar danos à saúde ou perder sua eficiência.

Se não há como fugir, é importante usar bem os químicos. "A primeira providência é ler o rótulo do produto. Obrigatoriamente eles devem conter informações sobre o seu uso correto e eficiente e, no caso de fabricantes consolidados, geralmente esses dados são confiáveis", diz o professor de química Fábio Augusto.

Apesar dos rótulos serem geralmente realistas, surgem dúvidas na aplicação de alguns produtos. "Em alguns casos é possível verificar se a dosagem sugerida é aplicável ao caso particular. Por exemplo, comparando a informação no rótulo do sabão com o manual da máquina de lavar obtemos uma boa ideia de quanto sabão aquele modelo específico de lavadora precisa para funcionar bem", sugere Augusto.

Porém, os professores concordam que não seguir as instruções é ruim e que, na maioria dos casos, o rótulo ajuda. "O fabricante testou o desempenho de seu produto e determinou a quantia suficiente para obter bom resultado", lembra El Seoud.

NÃO MISTURE

Produtos de limpeza foram testados e servem para determinado fim. Lembre-se, multiusos, detergentes e desinfetantes são produtos químicos e seus componentes nem sempre se comportam bem quando unidos.

O professor de química da Unicamp, Dr. Fábio Augusto, cita um exemplo em que a mistura de dois produtos comuns anula o efeito da limpeza: álcool etílico e detergente. O primeiro faz com que a ação do segundo se torne completamente nula.

"Não se deve misturar produtos de limpeza. Misturas são geralmente ineficientes e, em algunas casos, muito perigosas", aconselha professor do Instituto de Química da USP, Dr. Omar El Seoud.

Entre as combinações mais danosas à saúde está a de produtos de limpeza com amônia e os que contêm cloro. "Muitos limpadores de uso geral, como o Veja ou o Ajax, ou os limpa-vidros possuem amônia (amoníaco) em suas fórmulas. Em hipótese alguma eles podem ser misturados com água sanitária ou outros materiais que contenham cloro. Cloro e amônia reagem formando cloramina, um composto volátil e altamente tóxico", alerta  o professor Augusto.

Esse mix perigoso, também citado pelo Dr. Sérgio Colacioppo, da Faculdade de Saúde Pública da USP, pode causar desde uma irritação das vias respiratórias associada a acessos de tosse até problemas mais sérios como edema pulmonar.

Fonte: UOL